Conceito
ARTE CONCEPTUAL
Tendência contemporânea dos anos 60 e 70
Floresceu em finais da década de 1960 e na década de 1970, num clima de radicalismo cultural e político, de crítica contra o individualismo burguês, de rejeição da arte enquanto sintoma da sociedade burguesa que devia ser substituído por contributos práticos para a edificação do socialismo. Artistas – críticos do social e do artístico. Arte – função social e política.
A arte como ideia - superioridade do pensamento do artista em relação à execução da obra - perspectiva artística sistematizada pelo crítico nova-iorquino Clement Greenberg.
Influências: Dadaísmo – Duchamp
Procura abolir o objecto artístico.
Não convida à contemplação passiva.
Não envolve o domínio emotivo.
Exige a participação intelectual.
Elimina o prazer estético em prol da tomada de consciência.
Desvia a atenção do espectador da obra executada para as suas propostas ou documentação, textos, filmes, vídeos, notas, etc.
A ironia desempenha papel importante.
Reflecte sobre a essência da arte.
Recorre à escrita e à fotografia como documentos do pensamento do artista e ao mesmo tempo como obras de arte.
Penaliza os sentidos do público eliminando o prazer estético em prol da tomada de consciência.
O artista pede que se reflicta sobre a obra que é secundária e desconcertante, e se lhe descubra o sentido.
O artista já não é pintor ou bailarino ou poeta é apenas artista.
A ironia desempenha papel importante nas produções da arte conceptual, mas as obras conceptuais também podem reflectir profundamente sobre a essência da arte.
Artistas:
Yves Klein - 1958 - propõe uma exposição do vazio –uma galeria de arte totalmente vazia. Os visitantes da inauguração acolhidos por uma banda militar, passavam por um reposteiro Azul Klein Internacional suspenso à entrada e desembocavam numa galeria de paredes nuas.
Piero Manzoni – expõe Linha Infinita uma caixa cilíndrica em que se afirmava estar contida uma linha de um comprimento infinito (a obra é a própria ironia);
expõe latas de conserva rotuladas como Merda de Artista (1961) que vende ao preço do ouro (na cotação da altura).
Joseph Kosuth – apresenta One and three Chairs (1965), uma cadeira junto de uma fotografia da mesma cadeira e da definição de cadeira fornecida por um dicionário – obra que se baseia na múltipla possibilidade expressiva de objectos banais. O conceito de cadeira permanece, mas em diferentes graus de representação. O artista interroga-se acerca da relação que existe entre um objecto, a representação que dele pode ser feita e a linguagem.
John Latham em 1966 convidou alunos e artistas para um “mascanço” (representação por mímica dos comícios e ocupações contestatárias da época, que incluía escolher uma página do livro Art and Culture de Clement Greenberg, rasgá-la, mastigá-la e cuspir os resultados para um recipiente. Depois desfez a polpa em líquido com uma mistura de químicos e fermento. Quando a biblioteca do colégio universitário solicitou a devolução do livro, recebeu um tubo de ensaio com álcool – Latham destilara o Art and Culture. Latham foi despedido mas deixou um ícone conceptual: uma pasta contendo um exemplar do livro, as pipetas de vidro, os químicos e a carta de demissão de Latham, que integra hoje a colecção do Museum of Modern Art em Nova Iorque.
Robert Barry – A galeria permanecerá encerrada enquanto a exposição durar - obra exibida em diversos pontos dos EUA e da Europa.
Keith Arnatt e a desmaterialização do próprio artista – Self-Burial (Autofuneral), 1969.- sugeria o desaparecimento do próprio artista – retracto irónico do destino do autor modernista às mãos da Arte Conceptual.
Sol Lewitt, Yoko Ono e Lawrence Weiner - realizam um conjunto de instruções escritas que descrevem a obra, sem que esta se realize de facto – dão ênfase à ideia.
Outros artistas:
Joseph Beuys.
Fluxus – provocação, crítica, humor extravagante – revolução cultural, social e política através da arte.
Mike Kelley e Tracy Emin (conceptualistas da segunda ou terceira geração ou pós-conceptualistas).
A arte conceptual rejeitando o objecto artístico, pode-se tornar aborrecida para quem continua a sentir a necessidade de ver arte, e não apenas de a pensar.
Continua no entanto a influenciar a pesquisa dos criadores contemporâneos.